O Anu-Preto é um pássaro presente em todo o Brasil, encontrado em pastagens, campos, jardins, entre outras áreas abertas. Durante o período colonial, os portugueses e espanhóis usavam este nome para insultar os escravos e as pessoas de pele muito negra. O tempo foi se tornando aliado do preconceito contra esse pássaro, bem como contra os negros, fazendo com que a ave fosse culturalmente odiada pela população. A ave se transformou oficialmente no símbolo do agouro.

 

  A Central Única das Favelas (CUFA), mantendo a sua posição de quebrar os paradigmas, sobretudo os aplicados contra a população já estigmatizada, escolheu o pássaro Anu como o seu maior símbolo, a fim de fortalecer a cultura negra.

 

 

  O Prêmio Anu, idealizado pela CUFA, tem como principal objetivo destacar ações de toda natureza desenvolvidas dentro de favelas de todos os estados brasileiros que contribuam para o desenvolvimento humano e social desses espaços. Ao identificar ações que tragam um novo significado para esses territórios e novas formas de interação, a CUFA, por meio do Anu, volta o olhar para essas iniciativas que colaboram direta ou indiretamente para a melhoria de vida dos moradores, desconstruindo assim o estigma imposto a essas comunidades e suas populações.

 

Por buscar a consolidação de uma sociedade mais justa, o Prêmio Anu é muito mais do que um prêmio, mais que um símbolo; é o reconhecimento das ações desenvolvidas na busca do sentimento de vitória dos que nasceram invisíveis por causa da condição social. Esta parcela historicamente desencorajada da sociedade, na verdade, é a que faz a diferença. Embrião dessa busca incessante pela identidade cultural dos jovens, a CUFA nasceu com o propósito de, na crença do potencial orgânico, dar voz a milhares de agentes, antes inoperantes, nas favelas.

 

  A partir de 2001, esforços e mecanismos foram reunidos para aproximar a favela do asfalto, através de encontros seduzidos pela idéia de que potencializar diálogos é a melhor forma de inserção. Com força política, novas pautas foram postas em prática, na condição de ações afirmativas, contribuindo para a transformação social de pessoas, com o acesso a atividades que antes eram inatingíveis.

 

  Ao longo de seus 14 anos de existência formal, a CUFA celebrou inúmeras conquistas no campo sociopolítico. Exemplo disso é o Anu que já vigora em sua quarta edição. É pelo senso de justiça e de mérito nas ações que o cerimonial de premiação reconhece os feitos do povo da comunidade. É o morador da favela no Brasil que merece os parabéns pelos esforços em prol da preservação dos valores destes territórios.

 

  Não deixando de reconhecer, ainda, os atores sociais que agem em favor da melhoria da qualidade de vida de regiões em situação de vulnerabilidade ou risco social. Com as atividades conscientes, o equilíbrio das relações de convivência nessas comunidades se torna bem mais possível, transformando a realidade cultural, educacional, esportiva e socioeconômica das favelas.

 

  Através do futebol, esta edição do Prêmio Anu, organizada e realizada pela CUFA, busca ampliar e consolidar o direito dos moradores de comunidades de mergulharem em outros universos culturais amplamente divulgados em escala mundial. O futebol é um dos vetores de grande massificação popular nos territórios situados nas periferias, vielas e guetos espalhados pelo Brasil.

 

  Apesar de todos os estigmas, as favelas têm mais de um século de histórias e realizações e, ao longo dessa jornada, contribuíram para a formação da identidade cultural e social do país. Num cenário de renovação dos movimentos sociais, o Prêmio Anu 2014 visa revelar aqueles que, mesmo diante das dificuldades, tragam perspectivas de melhoria ao cotidiano das comunidades com iniciativas que priorizem uma real integração social.

 

É embarcando nessa viagem que o Prêmio Anu apresenta em 2014 o futebol como tema. Símbolo de interação, celebração e ferramenta de inclusão social, o futebol rompeu fronteiras e foi na contramão dos preconceitos, assim como o nosso pássaro Anu.

 

 

Grupo de colaboradores de vários segmentos da sociedade (empresários, artistas, esportistas, gestores públicos, cineastas, entre outros) vai selecionar as ações em comunidades que mais se destacaram em todos os Estados da Federação, mais o Distrito Federal. O critério de escolha é livre e se baseia no conhecimento de cada um dos jurados colaboradores sobre o assunto. Na ocasião, poderão ser escolhidos iniciativas e projetos de pessoas, fundações, ONGs, empresas, clubes, enfim, toda e qualquer experiência desenvolvida nesses espaços.

 

Esses jurados indicarão 10 (dez) iniciativas até 25 de outubro de 2013, sendo divulgadas as 05 (cinco) selecionadas no dia 01 de novembro de 2013, através do site www.premioanu.com.br.

 

 

Nesta etapa, que se inicia em 01 de novembro de 2013, será escolhida uma única iniciativa por estado, através de voto popular online no site oficial. Esta fase da votação será encerrada no dia 31 de dezembro de 2013, às 10 horas, e no mesmo dia, às 12 horas, serão divulgadas as ações vencedoras do Prêmio Anu Dourado.

 

 

A terceira e última etapa da votação terá início no dia 03 de janeiro de 2014 e será feita também por meio do site. Por voto popular, teremos um triplo Anu Preto, que consistirá na premiação das 03 (três) melhores ações do Brasil de 2013, cuja votação se encerrará 05 (cinco) horas antes do início da entrega da premiação no dia 19 de março de 2014, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, na capital fluminense.